Vale a pena conhecer… origem do pinheiro de Natal

Origem pagã do Pinheiro de Natal

O Pinheiro de Natal é uma tradição com origem em costumes pagãos anteriores ao cristianismo, identificáveis em vários contextos civilizacionais. Praticamente em todas as culturas e povos da antiguidade existiram festividades associadas ao solstício de Inverno (em Dezembro). No antigo Egipto, por exemplo, colocavam-se galhos verdes de palmeiras dentro das casas no dia mais curto do ano, como símbolo do triunfo da vida sobre a morte. Por altura das Saturnalia, loucas festividades que aconteciam também em Dezembro, os romanos decoravam árvores em honra do deus Saturno. E, também nessa época do ano, os druidas celtas decoravam grandes carvalhos com maçãs em celebração da natureza e da fertilidade.

 A tradição do Pinheiro de Natal

O pinheiro associou-se à tradição cristã, no séc. VIII, com S. Bonifácio. Pregando o cristianismo na região da actual Alemanha, S. Bonifácio começou a usar os abetos que existiam nessas florestas (por terem uma forma triangular) como imagem e símbolo da Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo); e, por toda a Europa Central, sobretudo a partir do século XII, passou a estabelecer-se essa associação simbólica. Mas a tradição do pinheiro de Natal só se desenvolveu mais tarde, a partir do séc. XVI, nas regiões onde existiam grandes florestas de abetos e onde o catolicismo recrudesceu, ante o avanço da reforma protestante.

 Supõe-se que foi Martinho Lutero, iniciador da reforma protestante, quem, pela primeira vez, usou um abeto como símbolo do Natal, colocando-lhe uma estrela brilhante no topo e decorando-o com velas (de acordo com a tradição cristã, o céu teria estado especialmente estrelado na noite do nascimento de Jesus). A partir do final do séc. XVI, a tradição do pinheiro de Natal alastrou pela Europa Central, acompanhando a disseminação do protestantismo. A partir daí, as celebrações do Natal nas casas da nobreza e alta burguesia incluíam a decoração do pinheiro com frutos, doces e flores de papel brancas e encarnadas (as flores encarnadas representavam o conhecimento e as brancas a inocência).

No século XVII, esta tradição estendeu-se à Grã-Bretanha; mas foi só no século XIX que ela se generalizou à classe média, sobretudo após a publicação na revista “Illustrated London News”, em 1846, de uma imagem da Rainha Vitória, com o marido, o príncipe Alberto e os filhos, junto ao pinheiro de Natal, no castelo de Windsor. O príncipe Alberto, primo do nosso rei D. Fernando II, era alemão e foi um dos grandes divulgadores desta tradição que se espalhou por toda a Europa e chegou, inclusivamente, ainda no século XIX, a Portugal.  

A tradição da árvore de Natal em Portugal Nos países católicos como Portugal, o costume do pinheiro de Natal divulgou-se muito mais tarde, já que a nossa tradição estava, sobretudo, associada ao presépio. O Pinheiro de Natal foi um costume introduzido por D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha, príncipe alemão que casou com a Rainha D. Maria II, em 1836. No Natal, D. Fernando II mandava decorar um abeto com velas, laços e bolas de vidro transparente, que era colocado, em cima de uma mesa, na sala de estar privada da família real, no Palácio das Necessidades. Também se costumavam colocar na árvore já decorada, algumas guloseimas (chocolates e saquinhos de celofane com frutas cristalizadas). No dia 24 à noite, o rei vestia-se de S. Nicolau e ele próprio entregava os presentes que trazia dentro de um grande saco, aos seus filhos. É isso que se vê na gravura pintada pelo rei, datada de 1847. Pouco a pouco, devido à influência da corte, a árvore de Natal começou a ser usada por alguma nobreza e grande burguesia do reino. Mas só se pode falar da sua difusão a partir dos anos 60 do século XX – com a divulgação da televisão – altura em que o Pai Natal, por razões claramente comerciais, começou a “conquistar terreno” ao Menino Jesus.

Por  Ana Bernado

2 comentários para “Vale a pena conhecer… origem do pinheiro de Natal”

  1. Cada festividade tem a sua história… umas vezes conhecida, outras quase perdida na bruma das lendas ou na noite dos tempos…
    Cumpre-nos recuperá-la e transmiti-la, como PATRIMÓNIO de todos nós – um legado cultural para os nossos filhos.
    Ficamos à espera de mais textos ! 😉

  2. Estes artigos são: “Uma estrela brilhante…. no céu estrelado” em que se está a tornar o nosso querido Jornal.

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