Um dos aspectos mais positivos que resultou do Projecto Biodiversidade – Actuar para Preservar, vencedor distrital da 2ª edição do concurso Rock In Rio – Escola Solar, foi a aproximação entre a nossa escola e o Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) – Parque Natural Sintra-Cascais (PNSC). Esta relação, que agora se inicia, proporcionará seguramente no futuro uma educação ambiental mais efectiva e permitirá tirar mais partido da fantástica localização da escola no seio do PNSC. Esta cooperação permitiu que na passada 5ª feira se realizasse de um evento que, seguramente, perdurará na memória de todos os que tiveram oportunidade de assistir. Graças à iniciativa dos técnicos do ICNB, Dr. João Lopes e Dr.ª Cláudia Almeida foi possível assistir à libertação de um Açor!

A ave, recolhida há seis semanas por um popular, na zona do pinhal do Banzão, evidenciava sinais de ter colidido com um obstáculo e não era capaz de voar. O popular entregou a ave à GNR de Colares, que a encaminhou para o Centro de Recuperação de Animais Silvestres, onde foi sujeita a uma intervenção cirúrgica e posterior processo de recuperação. Uma vez restabelecida, foi entregue aos técnicos do PNSC para que estes a restituíssem ao seu habitat.

Foi uma autêntica aula de campo, permitindo que os alunos relembrassem algumas aprendizagens desenvolvidas nas aulas de Ciências da Natureza. Perante uma audiência atenta, o Dr. João Lopes apresentou as principais características desta bela espécie e deu-nos a conhecer os seus hábitos. Em baixo reproduzo alguns dos ensinamentos transmitidos:

Os Açores, cujo nome científico é Accipiter gentilis, são aves de rapina que se distribuem ao longo das regiões temperadas do hemisfério norte. Esta ave pode distinguir-se das águias, por apresentar uma plumagem listada no seu ventre e olhos avermelhados. As águias, por sua vez, têm olhos castanhos e plumagem uniforme. Esta ave é uma excelente predadora, tendo como principais armas um voo picado muito rápido e poderosas garras. As suas presas são geralmente outras aves, que captura em pleno voo, ou pequenos mamíferos como os coelhos.

O exemplar libertado tratava-se de uma fêmea. A identificação do género foi possível por esta apresentar zonas sem penas no vente, arrancadas pela própria para facilitar a transmissão do calor do seu corpo aos ovos, no período de choco. As penas são utilizadas para revestir o seu ninho.

A libertação correu muito bem! Após um pequeno voo para uma árvore próxima, ainda dentro do terreno da escola, o açor passou algum tempo a ajeitar as suas penas e a procurar situar-se, depois levantou voo e partiu. Foi um momento muito bonito. Quem sabe, um destes dias, não a vemos pairar sobre a nossa escola, afinal, os animais, como as pessoas, regressam sempre aos sítios onde os tratam bem.  

Por  Nuno Meia-Onça

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