Filosofia – O prazer de pensar

Há quem pense que o jornalismo são notícias mas a quantidade de informação que está disponível para todos torna o seu processamento impossível. Há quem perspective o jornalismo do futuro como a capacidade de associar aos factos conhecidos de todos os pontos de união entre eles. Será um tipo de jornalismo que nos faz reflectir e nos estimula a interpretar, ao contrário de nos informar ou de ter juízos de valor. Gladwell é um dos que crêem nesta evolução jornalística e são inúmeros os exemplos apresentados como comprovativos desta necessidade. A crise económica recente foi previamente detectada por um modesto investidor e não pelos múltiplos analistas encartados. O colapso da Enron foi previsto por dois estudantes que, num trabalho escolar, se limitaram a fazer as contas. A sistemática desvalorização das ciências humanas a coberto da cada vez mais insistente ligação da formação dos cidadãos ao mercado de trabalho dificulta esta evolução preconizada por Gladwell. Hoje são cada vez mais o que defendem a reposição da literatura, da história e da filosofia nos desenhos curriculares dos nossos alunos como forma de estimular o pensamento crítico, pelo prazer de pensar e pela capacidade de associar factos conhecidos de todos com ideias próprias. A ditadura tecnocrática existente no mundo actual é hoje um fortíssimo obstáculo à emancipação cultural e intelectual dos povos. Os fenómenos do racismo e da xenofobia e a intolerância religiosa, são a face mais visível de um problema crescente.

Pensa e ajuda a pensar, por um mundo melhor.    

 

Imagem: “O Pensador” de Auguste Rodin (1840-1917)

 

Por  Nuno Cabanas

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