Agustina Bessa-Luís

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“Escrever é isto: comover para desconvocar a angústia e aligeirar o medo, que é sempre experimentado nos povos como uma infusão de laboratório, cada vez mais sofisticada. Eu penso que o escritor com maior sucesso é aquele que protege os homens do medo: por audácia, delírio, fantasia, piedade ou desfiguração.”

Ficcionista, autora dramática, cronista, autora de biografias romanceadas e de literatura infantil,Maria Agustina Ferreira Teixeira Bessa-Luís viveu a infância e a adolescência na região de Entre-Douro e Minho.

Começou a escrever ainda muito jovem, com apenas dezasseis anos, mas só viria a publicar a sua primeira obra de ficção, a novela “Mundo Fechado”, em 1948, então já casada e a viver em Coimbra. A partir de 1950 fixou residência no Porto, onde publicou o seu primeiro romance, os “Super-Homens”.

Foi membro do conselho diretivo da Comunitá Europea degli Scrittori (Roma, 1961-1962). Entre 1986 e 1987 foi diretora do diário portuense “O Primeiro de Janeiro”. Entre 1990 e 1993 assumiu a direção do Teatro Nacional de D. Maria II, Lisboa, e foi membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social.

É membro da Académie Européenne des Sciences, des Arts et des Lettres, de Paris, da Academia Brasileira de Letras e da Academia das Ciências de Lisboa.

Reconhecido o seu trabalho por José Régio, Óscar Lopes, Eugénio de Andrade, Vitorino Nemésio , Jorge de Sena, entre outros, a sua obra tem sido distinguida com os mais importantes prémios literários nacionais:

– Prémio Delfim de Guimarães, 1952;

– Prémio Eça de Queiroz, 1953;

– Prémio Nacional de Novelística, 1967;

– Prémio Ricardo Malheiros da Academia das Ciências de Lisboa, em 1966 e em 1977;

– Prémio PEN Clube e D. Dinis, 1980;

– Grande Prémio do Romance e da Novela da Associação Portuguesa de Escritores, 1984;

– Prémio da Crítica, do Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários, 1993;

– Prémio União Latina, 1997;

– Prémio Vergílio Ferreira, 2004;

– Prémio Camões, 2004

Com uma vasta obra, mais de cinquenta títulos, que vão desde a ficção, ao teatro, à crónica, aos guiões, à literatura infantil, Agustina escreveu ainda uma série de ensaios romanescos de inspiração histórico-biográfica, como “Santo António”, “Florbela Espanca”, “Fanny Owen”, “Longos Dias Têm Cem Anos – Presença de Vieira da Silva”, “Adivinhas de Pedro e Inês”, “Um Bicho da Terra”, “A Monja de Lisboa”, “As Meninas”, este último escrito juntamente com Paula Rego.

Algumas obras foram adaptadas ao cinema por Manoel de Oliveira, como “Francisca”, “Vale Abraão”, “Jóia de Família” (filme O Princípio da Incerteza) e  “As Terras de Risco”.  O seu romance “As Fúrias” foi adaptado ao teatro por Filipe La Féria.

 

Consulte aqui a bibliografia.

 

Não quero cantar amores,

Amores são passos perdidos,

São frios raios solares,

Verdes garras dos sentidos.

 

São cavalos corredores

Com asas de ferro e chumbo,

Caídos nas águas fundas,

não quero cantar amores.

 

Paraísos proibidos,

Contentamentos injustos,

Feliz adversidade,

Amores são passos perdidos.

 

São demências dos olhares,

Alegre festa de pranto,

São furor obediente,

São frios raios solares.

 

Da má sorte defendidos

Os homens de bom juízo

Têm nas mãos prodigiosas

Verdes garras dos sentidos.

 

Não quero cantar amores

Nem falar dos seus motivos.

 

                                        in “Garras dos sentidos”

 

Reflexões e citações da escritora aqui.

 

MJLeite

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