Jouer foi uma surpresa, uma agradável surpresa! Não sabíamos ao que íamos e o primeiro impacto foi a forma como o espaço estava decorado. Baús, roupas, acessórios, nada que desse a entender especificamente do que tratava o espetáculo. O diminuir da intensidade da luz e os primeiros acordes de música – foi o suficiente para que a atenção tenha sido direcionada única e exclusivamente para o palco do auditório de Santa Maria.

Um espetáculo maioritariamente sem falas e muito à base de interpretação por gestos e sons. À partida poderia ser um espetáculo de difícil apreciação, mas a verdade é que todo o contexto do “toca e foge” entre o criador dos bonecos e os bonecos despertou a atenção pelo caricato da relação entre eles. A própria interação dos bonecos com os diferentes objetos dispostos pelo espaço foi feita de forma algo cómica, o que nos remeteu à nossa infância, altura em que tudo era novidade, diferente, uma descoberta, um regresso ao nosso estado mais puro e inocente.

Gostei bastante, não só pelo regresso à inocência e à sensação de descoberta, mas também porque toda a envolvente – decoração, disposição do espaço, iluminação e música – me “abraçou” os sentidos.

Congratulo toda a equipa pelo trabalho desenvolvido, que acredito não ter sido fácil, mas apesar de ser um projeto de difícil apreciação a nível cultural, por não ter muito diálogo, a capacidade de interpretação de cada um esteve a um nível de qualidade muito bom.

Haja mais iniciativas deste género para que se possa mostrar que os cursos profissionais estão a formar alunos com uma extrema vocação para a área das Artes do Espetáculo.

 

 

Maria Figueiredo

Classificado em: Apeteceu-me escrever..., Secundário, Teatro