José Eduardo Agualusa

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“Escrever me diverte, e escrevo também, porque quero saber como termina o poema, o conto ou o romance. E ainda porque a escrita transforma o mundo. Ninguém acredita nisto e, no entanto, é verdade.”

Nascido na cidade do Huambo, no planalto central de Angola, veio viver para Portugal ainda jovem e aqui, em Lisboa, estudou Agronomia e Silvicultura no Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa.

Ficcionista, com uma incursão pela poesia e pela literatura infantil (“Estranhões & Bizarrocos, Estórias para adormecer Anjos” é uma obra fascinante que miúdos e graúdos têm de ler), a sua obra encontra-se traduzida em mais de vinte idiomas e foi distinguida com:

– o Prémio Sonangol de Literatura, em 1989, por “A Conjura”;

-o Prémio de Jornalismo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, em 1994, por “Lisboa Africana”;

– o Grande Prémio Literário TP, em 1997, por “Nação Crioula” (publicado na Alemanha e em Espanha, estando a ser traduzido para o inglês e holandês);

– o prestigiado Prémio Independente de Ficção Estrangeira, em 2007, promovido pelo jornal britânico The Independent, com o livro “O Vendedor de Passados”, sendo o primeiro africano a receber tal distinção.

É presença habitual nos principais festivais literários do Brasil, onde é aclamado como representante do renascimento literário de Angola e um escritor lusófono por excelência, já que sua obra “viaja” entre as culturas africana, lusitana e brasileira. Nas suas palavras […] os meus livros refletem a minha mais ou menos forçada errância pelo mundo. […] Sempre houve e continua a haver escritores que partem do regional para alcançar o universal […].

Colaborou com o jornal português Público desde a sua fundação, assinando na revista de domingo desse diário, a Pública, uma crónica quinzenal. Atualmente, escreve mensalmente crónicas para a revista portuguesa LER e semanalmente para o jornal angolano A Capital. Realiza o programa A Hora das Cigarras, sobre música e poesia africana, difundido na RDP África.

Em 2006, lançou, juntamente com Conceição Lopes e Fatima Otero, a editora brasileira Língua Geral, dedicada exclusivamente a autores de língua portuguesa.

É membro da União dos Escritores Angolanos.

Sobre a sua última obra, “A Rainha Ginga”, afirma: Este livro permitiu-me reencontrar o prazer de escrever. Esta história viveu sempre dentro de mim… Acho que este é o meu livro mais sólido, mais redondo, mais acabado, mais vivo, mais livro, mais romance. Pela primeira vez, sinto que posso dizer que sou escritor.

Numa entrevista, à pergunta “Quem é o Eduardo Agualusa?” respondeu “Quem eu sou não ocupa muitas palavras: angolano em viagem, quase sem raça. Gosto do mar, de um céu em fogo ao fim da tarde. Nasci nas terras altas. Quero morrer em Benguela, como alternativa pode ser Olinda, no Nordeste do Brasil.”

 

Consulte aqui a bibliografia.

 

Uma voz que canta convoca a terra perdida

Uma voz que canta convoca a terra perdida.

Quase em surdina, evoca os secretos lugares

da infância;

o sítio onde pousavam os pássaros

o quintal cheio de estórias

e – lembras-te?- a tarde em chamas.

 

A voz murmura:

O exílio é onde nada se recorda de ti

Nada te diz:

sou teu/és meu

 

Leia aqui outros poemas e textos do autor.

 

MJLeite

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