Vasco Graça Moura

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“não és mais do que as outras, mas és nossa/, e crescemos em ti, nem se imagina/ que alguma vez uma outra língua possa/ pôr-te incolor, ou inodora, insossa,/”

                                                            in Lamento para a língua portuguesa

Poeta, ensaísta, romancista, dramaturgo, cronista e tradutor de clássicos, licenciou-se em Direito, pela Universidade de Lisboa, e chegou a exercer a advocacia, entre 1966 e 1983, até a carreira literária se impor em pleno, afirmando-se como um nome central da literatura portuguesa da segunda metade século XX.

Após o 25 de Abril de 1974, aderiu ao Partido Social Democrata, exercendo os cargos de Secretário de Estado da Segurança Social (IV Governo Provisório) e dos Retornados (VI Governo Provisório). Entre 1978 e 1996 exerceu os cargos de diretor da Radiotelevisão Portuguesa, da Comissário Geral das Comemorações dos Descobrimentos e de diretor dos serviços da Fundação Calouste Gulbenkian. Dirigiu a Fundação Casa de Mateus, foi comissário-geral de Portugal para a Exposição Universal de Sevilha (1988-1992). De 1999 a 2009 foi deputado ao Parlamento Europeu, integrando o Grupo do Partido Popular Europeu. Em 2012, foi nomeado para a presidência da Fundação Centro Cultural de Belém.

Autor de quase 30 livros de poemas, foi ainda um tradutor épico, impondo-se os desafios de traduzir “A Divina Comédia” e “Vita Nuova”, de Dante, “As Rimas” e “Os Triunfos”, de Petrarca, ou ainda “ Os Sonetos”, de Shakespeare, escolhas que respondiam não só às suas paixões de leitor, mas também à missão que tinha como sua de enriquecer o património literário disponível em língua portuguesa.

A sua obra foi distinguida com:

– o Prémio Pessoa (1995);

– o Prémio Internacional “La cultura del mar”, em Itália (2002);

– a Coroa de Ouro do Festival de Poesia de Struga, Macedónia (2004);

– o Prémio Vergílio Ferreira (2007);

– o Prémio de Tradução (2007), do Ministério da Cultura de Itália (que distingue anualmente o melhor tradutor estrangeiro de obras italianas, por decisão unânime do júri);

– o Tributo de Consagração Fundação Inês de Castro (2010);

– o Prémio Europa David Mourão-Ferreira (2010);

– o Prémio Alberto Pimenta do Clube Literário do Porto (2010);

– o Prémio Morgado de Mateus (2013).

Recebeu ainda:

– o Prémio Literário Município de Lisboa (1984) por “Os rostos comunicantes”;

– o Prémio Literário Município de Lisboa (1987) por “A furiosa paixão pelo tangível”;

– o Prémio de Poesia do P.E.N. Clube Português2 (1994) por “O concerto campestre”;

– o Prémio Municipal Eça de Queiroz (1995) por “Sonetos familiares”;

– o Grande Prémio de Tradução Literária (1996) por “Vita Nuova”, de Dante;

– o Grande Prémio de Poesia APE/CTT (1997) por “Uma carta no Inverno”;

– Prémio Internacional Diego Valeri (2004) por “As Rimas”, de Petrarca;

– o Grande Prémio de Romance e Novela APE/IPLB (2004) por “Por detrás da magnólia”.

Foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (2010) e a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada (2014) e recebeu ainda várias condecorações estrangeiras, com destaque para a Medalha da Marinha Brasileira (1990), a Medalha de Ouro da Cidade de Florença (1998), pelas suas traduções de Dante, a Grã-Cruz do Mérito Cívico e Cultural, do Brasil (2005).

Uma das vozes mais críticas do Acordo Ortográfico, que considerava um crime de lesa-língua, reuniu os seus argumentos sob o título ” Acordo Ortográfico: A perspectiva do desastre”, num volume publicado em 2008, e tentar travar a sua aplicação tornou-se o grande combate cívico dos seus últimos anos.

 

Consulte aqui a bibliografia.

 

Soneto do amor e da morte

Quando eu morrer murmura esta canção

que escrevo para ti. quando eu morrer

fica junto de mim, não queiras ver

as aves pardas do anoitecer

a revoar na minha solidão.

 

quando eu morrer segura a minha mão,

põe os olhos nos meus se puder ser,

se inda neles a luz esmorecer,

e diz do nosso amor como se não

 

tivesse de acabar,

sempre a doer, sempre a doer de tanta perfeição

que ao deixar de bater-me o coração

fique por nós o teu inda a bater,

quando eu morrer segura a minha mão.

 

Leia aqui outros poemas do autor.

 

MJLeite

2 comentários para “Vasco Graça Moura”

  1. Obrigada, professora (sempre) e amiga (sempre) Deonilde, pelas palavras de incentivo e por continuares a acompanhar o CA! Também não seria de esperar outra coisa de quem “deu à luz” este projeto!
    MJL

  2. Obrigada, profª Maria José Leite, pelo enriquecimento que tem proporcionado aos leitores do Chão de Areia !

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