Convívio e Solidariedade

 

No sentido de comemora a quadra festiva, a nossa turma, 12.TAR (Técnico de Turismo Ambiental e Rural), organizou, no dia 17 de dezembro, último dia de aulas do 1º período para os cursos EFA, um pequeno convívio para as turmas do ensino noturno de Santa Maria. Este é nosso último ano de curso e último ano nesta escola, por isso quisemos deixar uma mensagem positiva de camaradagem e amizade.

Juntámos cerca de 80 pessoas (não tínhamos ideia de tantos colegas!), entre alunos, formadores e funcionários, formámos assim uma “grande família” que decerto marcará positivamente a passagem da turma 12.TAR pela Escola Secundária Santa Maria.

Este convívio foi um teste à nossa capacidade de criação de atividades de animação. Houve muito em que pensar e executar: criámos um pequeno video, um convite de Natal, decorámos o refeitório com elementos natalícios, selecionámos música e deixámos entrar a boa disposição. Havia de tudo na nossa mesa, podemos dizer que era uma mesa farta, digna da quadra festiva – doces, salgados, bebidas.

                Algumas colegas do 12.TAR conseguiram algum tempinho para construir algumas peças de artesanato natalício e a turma 14.CEA expôs trabalhos produzidos com materiais reciclados. Sendo o nosso curso direcionado para o ambiente e a ruralidade, esta turma provou que também está atenta a estes temas.

                No final do convívio ficou decidido que as “sobras” de comida e bebidas seriam entregues aos sem abrigo em Lisboa, o que foi aceite de imediato por todos os participantes.

                Depois do toque da escola, metemos nos carros tudo o que havia para dar e arrancámos então em direção à capital. A nossa primeira paragem foi no Terreiro do Paço, onde não tivemos sorte pois não se encontrava lá ninguém a não ser as pessoas que por lá passeavam e viam as decorações natalícias, seguimos então para o Martim Moniz, onde, mais uma vez, também não tivemos sorte, perguntámos a um taxista onde seria o local mais apropriado para a nossa causa e ele indicou-nos o Rossio.

Depois destes dois episódios de azar, mais sorte não podíamos ter, ao chegarmos ao Rossio, encontrámos lá parado um grupo de pessoas que se juntava todas as quartas e sextas-feiras para distribuir o que podia dar pelos sem-abrigo de Lisboa. Eles próprios ficaram bastante surpresos e contentes com a nossa chegada, pois já tinham dado a sua comida toda e apenas sobravam bebidas quentes, que já não eram suficientes para tanta gente que se juntara. Depois de pararmos os nossos carros no local que nos foi indicado, de uns cinco sem-abrigo presentes no local depressa passaram a mais de vinte, depois de dada a notícia da chegada de mais comida. Tudo o que estava no carro desapareceu em muito menos tempo que o esperado.

Nesse momento notou-se bastante o contraste entre, por um lado, um espetáculo de luz (bastante bonito este ano, por sinal!), o movimento para ver as mesmas e as pessoas que por lá passeavam, felizes como se espera numa época festiva como esta, e, por outro, todas aquelas pessoas necessitadas que procuravam apenas matar a fome e beber qualquer coisa quente para enganar o frio de noite que teriam, mais tarde, de passar deitadas em caixas de cartão, abrigadas à porta de qualquer edifício, ou até mesmo pelo chão.

A ajuda do tal grupo que encontrámos no Rossio foi essencial, pois eles, que apenas estavam nesta causa há pouco mais de três meses, já sabiam como agir e como distribuir os bens alimentares. Todas estas pessoas eram privados, como donos de cafés e pastelarias, ou apenas alguém a querer ajudar o próximo. Falaram-nos do seu projeto e um pouco sobre si mesmos. O projeto em causa é o “Doar para Ajudar”, que pode facilmente ser encontrado com uma pesquisa no Facebook.

Agradecemos a ajuda e regressámos às nossas casas, um pouco mais sensibilizados para este problema. Ficámos mais cientes que pode tocar a qualquer um de nós, depois de ouvirmos as palavras de um senhor lá presente, que vivia na rua há já 17 anos, pois tivera um AVC por volta dos 20 anos de idade, que o deixou incapacitado para arranjar emprego, e então, sem família nem outros apoios, acabou por aquelas ruas.

Penso que tenha sido uma experiência boa e enriquecedora para qualquer um de nós e, esperamos nós, uma experiência a repetir.

 

O objetivo foi cumprido: Natal é partilha e amizade.

 

Maria Deolinda Almeida

Diogo Assunção

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