Lígula Romana

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Lígula romana em bronze forrado de prata proveniente das antigas escavações da         villa de São Miguel de Odrinhas
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Nº. de inventário: SMO/R/57/321

Cronologia: época romana ou tardo-romana

Dimensões: Comprimento total: 21,5 cm

Concha: 5,5 X 3,5 cm

Cabo: 16 cm

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Apresenta a concha de forma oval com a ligação ao cabo assinalada por um espessamento com dupla perfuração lateral. A forma do cabo, com secção rectangular junto à concha, tornando-se progressivamente circular, termina com a ponta afilada, o que poderá indicar um revestimento para o mesmo noutro tipo de material, designadamente osso, marfim ou mesmo madeira.

Não obstante o seu possível emprego em actos profanos ou civis, algumas destas peças – as mais tardias – poderão ter sido utilizadas na liturgia cristã, nomeadamente na administração da eucaristia aos comungantes, através da mistura do pão com o vinho (intacto pane), simbolicamente representando o corpo e sangue de Cristo, conforme é sugerido em fontes históricas antigas, designadamente no sínodo de Braga em 675, bem como em certas representações conservadas em manuscritos do mediterrâneo oriental.

A presença de determinado tipo de inscrições em algumas destas peças – o que não é aqui o caso – pode também indicar outra utilização para as mesmas no âmbito daqueles ritos, designadamente o seu uso como concha baptismal, o que lhes confere um cunho mais pessoal e que poderia justificar a sua presença em várias sepulturas enquanto objecto pessoal do defunto.

Assim, sendo o nosso exemplar de cronologia indefinida dentro dos períodos citados e tendo sido descoberto no âmbito de uma villa romana cuja vida se prolonga desde o Alto Império – ou mesmo antes – até à época Alto Medieval, qualquer poderá ter sido utilizada em qualquer dos referidos ritos, desde uma simples colher utilitária até a um objecto ritual pagão ou cristão.

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Marta Ribeiro

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