Monumento funerário romano | Peça do Mês de Agosto

 

Monumento funerário atípico, podendo ser genericamente designado como em forma de ara. Apresenta uma epígrafe reduzida à sigla DM, abreviatura de Diis Manibus, consagração aos deuses Manes, que encimava muitos dos epitáfios romanos a partir de finais do séc. I d. C..

Foi identificado junto à ermida de São Mamede de Janas, Sintra, utilizado como degrau para tocar o sino. Verificou-se, porém, que na face superior havia sido escavada uma cavidade para guardar relíquias (sepulchrum reliquarum), testemunhando uma reutilização de época Cristã, certamente relacionada com a sigla nele inscrita, a qual presumivelmente terá sido reinterpretada também dentro de um contexto Cristão.

Considerando a sua proveniência, é provável, pois, que tenha então sido lida como D(omini) M(ameti), expressando a pertença ao orago, «de São Mamede».

Tendo tido a ermida de São Mamede de Janas, ao longo da História, três edifícios distintos construídos de forma sobreposta no mesmo espaço, respectivamente de época moçarábica, medieval portuguesa e quinhentista (sendo esta a versão que se manteve até à actualidade, embora com algumas transformações), a adaptação a relicário do monumento romano em análise terá ocorrido na fase mais antiga, ou seja, por volta dos séculos VIII, IX ou X d.C.

Encontra-se em exposição no Museu.

 

Marta Ribeiro

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