Celeste dos Cravos

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Celeste Martins Caeiro, a mulher que tornou o 25 de abril na Revolução dos Cravos, tinha 40 anos e trabalhava, em 1974, num restaurante na Rua Braamcamp em Lisboa. O restaurante, inaugurado a 25 de Abril de 1973, fazia um ano. Para comemorar o evento, a gerência planeava oferecer flores, às senhoras clientes. Nesse dia, como estava a decorrer o golpe de estado, o restaurante não abriu. O gerente disse aos funcionários para voltarem para casa, e deu-lhes os cravos para levarem consigo, já que não poderiam ser distribuídos pelas clientes. Cada um levou um molho de cravos vermelhos e brancos que se encontravam no armazém.
Ao regressar a casa, Celeste apanhou o Metro para o Rossio e dirigiu-se ao Chiado, onde deparou com os tanques dos revolucionários. Aproximando-se de um dos tanques, perguntou o que se passava, ao que um soldado lhe respondeu “Nós vamos para o Carmo para deter Marcelo Caetano. Isto é uma revolução!”. O soldado pediu-lhe um cigarro, mas Celeste não tinha nenhum. Queria comprar-lhes qualquer coisa para comer, mas as lojas estavam todas fechadas. Assim, deu-lhes as únicas coisas que tinha: os molhos de cravos, dizendo “Se quiser tome! Um cravo oferece-se a qualquer pessoa”. O soldado aceitou e pôs a flor no cano da espingarda. Celeste foi dando cravos aos soldados que ia encontrando, desde o Chiado até perto da Igreja dos Mártires.
No âmbito das comemorações do 25 de abril, organizadas pelo Grupo Disciplinar de História, a D. Celeste esteve no Auditório da EB2,3 a falar da sua experiência aos alunos do 6º ano. Respondeu às perguntas apresentadas pelos discentes, que, felizes, quiseram ficar na fotografia com esta figura da nossa cultura.

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JML

2 comentários para “Celeste dos Cravos”

  1. A História na primeira pessoa…..um grandíssimo privilégio que os nossos alunos tiveram. Parabéns à professora Patrícia Alves por mais uma grande e generosa iniciativa.

  2. Mais um momento para lembrar e relembrar. Estar na presença de alguém que determinou de modo poético a história do nosso País foi muito bom.
    Se ouvir uma história é entusiasmante, ouvir memórias é emocionante. Jamais esquecerei aquelas palavras… sentidas, emocionadas, contagiantes e inspiradoras.
    Obrigado D.Celeste.

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