M.A.S.M.O. – Peça de outubro

Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas

 Sarcófago Etrusco de Arnth Vipinana
Século IV a.C. Nenfro 2,09 x 1,14 x 0,64 Necrópole de Carcarello, Tuscania, Lácio, Itália

Na tampa deste sarcófago está representado um homem de formas vigorosas, sem barba, preparado para um banquete. A única peça de vestuário é um manto que cobre as pernas até ao baixo-ventre. Na cabeça tem uma grinalda arredondada, decorada com losangos. No pescoço tem um torques – gargantilha frequentemente em ouro –, símbolo de riqueza e poder social. Na mão direita segura uma pátera – taça de libações rituais – e com o antebraço esquerdo apoia-se num colchão, evidenciando assim o ventre volumoso, onde se vê o umbigo.

A base do sarcófago apresenta um baixo-relevo – delimitado por duas pilastras laterais com capitéis jónicos –, onde estão representadas oito figuras que compõem uma cena de combate. É possível verificar uma certa uniformidade, pois todos os envolvidos no combate usam um barrete frígio e uma clâmide (manto curto preso no ombro) fechada no peito por uma fíbula.

A cena de combate está dividida em dois grupos de quatro figuras cada, e na extremidade direita surge uma Vanth alada e vestida de chiton curto, que se prepara para desferir um golpe de espada contra o guerreiro caído.

As Vanth, ou demónios da morte, eram entes femininos alados pertencentes ao mundo infernal. A sua presença era considerada um prenúncio do fim. Assistiam à agonia vivida no leito de morte.

A base deste sarcófago apresenta uma inscrição redigida com caracteres etruscos, cuja tradução é: “este (é) o sarcófago de Arnth Vipinana, (descendente) de Sethre”.

O sarcófago de Arnth Vipinana chegou ao Palácio de Monserrate, juntamente com outros dois sarcófagos de membros desta família etrusca, no decorrer do ano de 1867. Sir Francis Cook utilizou-os como decorações nos jardins do seu palácio, denunciando assim o gosto que a Europa culta do Romantismo nutria por antiguidades e obras de arte de povos antigos e exóticos. Ali permaneceram até tempos recentes, tendo sofrido incontáveis danos por parte de visitantes menos esclarecidos e das intempéries.

Finalmente, conseguiu-se a sua remoção para o Museu, tendo sido alvo de um cuidadoso trabalho de limpeza por parte da Escola de Recuperação do Património de Sintra e, já no âmbito do Museu, das ações de restauro consideradas indispensáveis à sua exposição pública.

Marta Ribeiro

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