M.A.S.M.O. – Peça de novembro

Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas

Sarcófago Etrusco do Assassínio de Polites
Século IV a.C. Nenfro 2,07 x 0,84 x 0,64 Necrópole de Carcarello, Tuscania, Lácio, Itália

Sarcófago etrusco, datado do século IV a.C., proveniente da Necrópole de Carcarello, localizada nos arredores da cidade de Tuscania, Lácio, Itália.
Na tampa deste túmulo está representada uma figura masculina, sem barba e vestida com um manto, com uma faixa grossa sobre o peito, deitada sobre o seu lado esquerdo e apoiando a cabeça em duas almofadas. Enquanto a mão esquerda é levada à têmpora, o braço direito está estendido sobre a anca direita.
A base do sarcófago apresenta um friso em relevo com sete figuras, delimitado por duas pilastras laterais com capitéis jónicos. Em alguns pormenores, sobretudo nas vestimentas, são ainda visíveis vestígios de vermelho, da pintura original.
Embora sem encontrar paralelo na arte etrusca ou mesmo na arte greco-romana, propõe-se uma leitura iconográfica arrojada deste baixo-relevo, baseada em antigos textos literários: o jovem herói que desfere o golpe mortal é Neoptólemo, o seu adversário vencido é Polites, as duas figuras cujo gesto evoca a desgraça iminente são os reis de Tróia, Príamo e Hécuba.
O Sarcófago do Assassínio de Polites chegou ao Palácio de Monserrate, juntamente com outros dois sarcófagos de membros desta família etrusca, no decorrer do ano de 1867. Sir Francis Cook utilizou-os como decorações nos jardins do seu palácio, denunciando assim o gosto que a Europa culta do Romantismo nutria por antiguidades e obras de arte de povos antigos e exóticos. Ali permaneceram até tempos recentes, tendo sofrido incontáveis danos por parte de visitantes menos esclarecidos e das intempéries.
Finalmente, nos finais do século passado conseguiu-se a sua remoção para o Museu, tendo entretanto sido alvo de um cuidadoso trabalho de limpeza por parte da Escola de Recuperação do Património de Sintra e, já no âmbito do MASMO, das acções de restauro consideradas indispensáveis à sua exposição pública.
Marta Ribeiro

Um comentário para “M.A.S.M.O. – Peça de novembro”

  1. Um artigo mais uma vez muito interessante.

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