M.A.S.M.O. – Peça de dezembro

Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas

Sarcófago Etrusco dos Dois Seres Marinhos

Século III a.C. Nenfro 2,11 x 0,80 x 0,68  Necrópole de Carcarello, Tuscania, Lácio, Itália

Sarcófago etrusco, datado do século III a.C., proveniente da Necrópole de Carcarello, sita nos arredores da cidade de Tuscania, Lácio, Itália.

A tampa deste sarcófago desapareceu no Parque de Monserrate por ocasião de um desprendimento de terras ocorrido a 19 de Novembro de 1983, sendo conhecida apenas através de fotografias antigas.
Este sarcófago apresenta um baixo-relevo cercado por moldura decorada na parte superior com rosetas quadrifoliadas. No centro está figurado um mascarão, com um bigode de pontas compridas, caídas, e uma barba curta no queixo. Na cabeça exibe um barrete frígio. Trata-se muito provavelmente da representação do deus Posídon – o deus grego dos mares, cuja temível cólera podia provocar violentas tempestades.
De ambos os lados desta figura e em posição simétrica esculpiram-se dois seres marinhos (ketoi), com cabeça de cão e focinho comprido, orelhas pontiagudas, uma barbicha no queixo, e duas fortes barbatanas no peito. O seu abdómen imponente, serpentiforme, com barbatana dorsal, termina numa larga cauda de peixe.
Cada um dos seres marinhos é montado por um rapaz. A figura infantil da direita brande um pau curvo, e a da esquerda ergue a mão direita para atirar uma pedra ao companheiro. Os Erotes, seres míticos relacionados com Eros, assumiam sempre formas de crianças.
O Sarcófago dos Dois Seres Marinhos chegou ao Palácio de Monserrate, juntamente com outros dois túmulos de membros desta família etrusca, no decorrer do ano de 1867. Sir Francis Cook utilizou-os como decorações nos jardins do seu palácio, denunciando assim o gosto que a Europa culta do Romantismo nutria por antiguidades e obras de arte de povos antigos e exóticos. Ali permaneceram até tempos recentes, tendo sofrido incontáveis danos por parte de visitantes menos esclarecidos e das intempéries.
Finalmente, nos finais do século passado conseguiu-se a sua remoção para o Museu, tendo entretanto sido alvo de um cuidadoso trabalho de limpeza por parte da Escola de Recuperação do Património de Sintra e, já no âmbito do MASMO, das ações de restauro consideradas indispensáveis à sua exposição pública.

Marta Ribeiro

Enviar