Como Se Fez – 3: Trinta Graus no Interior

Inner

De uma forma grosseira, podemos definir a luz como radiação eletromagnética, que se propaga em ondas sinusoidais mais ou menos orientadas segundo planos perpendiculares e cujos comprimentos de onda se situam entre os raios infravermelhos (que nos aquecem, embora nem todos os IV sejam quentes, pois os mais próximos do vermelho -usados nos telecomandos- não aquecem) e os ultravioletas (que nos queimam a pele se não a protegermos).

A luz anda dispersa pelo ar, direta, refletida ou difusa. O que um filtro polarizante faz é colocar em ordem a luz que passa através dele, deixando passar apenas as ondas de um dos planos referidos no parágrafo anterior, bloqueando os outros.

Conforme o local para onde se aponta, é preciso rodar o filtro para que ele funcione.

A imagem fica mais escura, mas é possível eliminar reflexos da água, do vidro e das superfícies metálicas, para além de aumentar o contraste e deixar as cores mais saturadas. É só ir rodando o filtro até se obter o resultado pretendido.

Existem filtros deste tipo para todas as câmaras, desde as profissionais, às compactas e até para os Smartphones, cujo exemplo é divulgado aqui:

http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=2NcZ9-T7-OM

Se colocarmos dois filtros polarizantes à frente da objetiva (ou da vista), é possível bloquear toda a passagem de luz, ficando a imagem totalmente negra (exceto quando apontado diretamente para o Sol, mas não é aconselhável fazer isto à frente dos olhos porque pode provocar cegueira).

Segue-se um link explicativo, mas não desmanchem telemóveis, limitem-se a aprender, também é possível fazer isto com óculos de sol que tenham lentes polaroid:

http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=WQo9tGUEcTc

Não há “Photoshop” nenhum que substitua um filtro polarizante, pois sem ele, a informação relativa aos reflexos eliminados, simplesmente não está lá.

Fez-se assim: Construí um cone de cartolina preta aberto na base e no topo (portanto era um tronco de cone). Coloquei o lado mais largo encaixado num candeeiro que estava voltado para cima, a apontar para o teto. No topo do tronco de cone encaixei um filtro polarizante, cujo diâmetro era o da abertura que eu deixara na cartolina. Por cima disto, a poucos centímetros, coloquei um vidro transparente (que não é sensível à luz polarizada, portanto ficou negro na imagem).

Sobre o vidro e alinhado com filtro, coloquei um dos ângulos interiores dum esquadro daqueles de desenhar (neste caso o ângulo de trinta graus).

2013-11-06_0042_-_Desenho

Máquina com tubos para macrofotografia, montada no tripé a apontar para baixo. Sala às escuras e depois de acender o candeeiro rodei um segundo filtro polarizante, que estava montado à frente da objetiva até obter o efeito visível na fotografia.

Este tipo de imagem permite ver as zonas do material que estão sujeitas a maior esforço, neste caso o efeito da moldagem do plástico durante o fabrico do esquadro.

Abertura f.5.6 e exposição de 8 segundos.

O tempo de execução foi cerca de uma hora.

José Maria Silva

2 comentários para “Como Se Fez – 3: Trinta Graus no Interior”

  1. Trabalho muito interessante e… como não podia deixar de ser…. bem feito!
    Parabéns e obrigada pela partilha!

  2. Bolas! Este artigo expõe de forma muito óbvia os limites da minha ignorância. Valeu a pena.

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