Vale a pena ler… bons textos!
Ponte Velha (Florença)
São dois textos redigidos no último teste de Português e merecem ser divulgados:
Descrição 1
A noite cai, e a escuridão esmaga quem por baixo se encontra. Quem sobrevive?
A cidade, escondida por bosques escuros e sombrios, ganha vida no meio do preto – a ausência de luz, a cor onde todos desistem.
Um ponto de vida acende-se, e depois outro e mais um, no fim, os pontos luminosos já se estenderam pelas ruas, acompanhando o rio. Espelho este que se prepara para o negro do céu nocturno, pois a maré ainda não está cheia e uma margem clara espreita por entre os montes. Sorte de quem lá vive, que não tem o crepúsculo para o assustar.
As casas nasceram nas encostas, altas e verticais, iluminadas pelo luar. À falta de espaço – talvez…-semearam mais casas sobre as águas, agora pálidas, do rio; a ponte atravessa-o, levando às costas habitações e lojas, ruas e caminhos, arcos e túneis que talvez se escondam no outro lado das paredes.
Misterioso e secreto, magnífico e fantástico! A dança das luzes e cores vai contra as leis da simplicidade do ordinário; serpenteiam sobre as águas, voam com a brisa fresca da noite.
As caras saem às ruas para viverem mais uma madrugada com música. As gentes encontram-se e divertem-se, eles, que foram quem fez renascer a cidade.
Por Alexandre Mateus (9º D)
Descrição 2
Entre margens recortadas por águas reluzentes e feéricas debruçam-se grandes casas sobre a ponte. Uma ponte majestosa, imponente, antiga em dias. Entre três grandes arcos, a ponte, rígida e firme, sustenta o tempo.
Grandes casas reflectem-se na água. Atrás, belos arvoredos acolhem o murmúrio do vento. No privilégio do céu, surge uma imberbe lua, um pingo de luz, um pedaço de inocência onde centrifuga uma luminosidade frágil e bela. A lua relembra, assim, os raios de sol perdidos pela noite.
A água, espelho encantado que tudo reflecte, apodera-se de novas cores, de novos brilhos. A noite, calma e serena, debruça-se sobre as águas e mira entusiasticamente o seu reflexo. E a água retribui com leve canto que é originado pela sua fria passagem. Cantando o leve canto, a brisa mistura-se com o luar.
Por Iulia Jucov (9ºD)
Sugerido por Patrícia Costa
Classificado em: 3º Ciclo, Atividades, Vale a pena...
Meus queridos alunos Iulia e Alexandre,
Não tenho palavras para expressar a emoção de um professor ao ver os seus alunos atingir semelhante nível. Os vossos textos revelam inteligência, enorme sensibilidade e um extraordinário sentido poético do Belo, coisa rara na maioria das pessoas; e ainda mais rara numa situação de teste. Aí, a pressão do tempo e do stress abate-se de forma, por vezes esmagadora, e só uma alma verdadeiramente artística conseguiria escrever textos tão sublimes. Conheço a ponte, conheço a luz que descrevem e o casario. E as vossas descrições transportaram-me para as mesmas emoções poderosas que sinto nesse local, sempre que ali passo.
Os meus Parabéns!
Ana Bernardo
Estes textos são excelentes, parabéns Alexandre e Iulia. Apreciei sobremaneira a sensibilidade, as analogias e a fluidez. É um orgulho ter alunos com esta qualidade. Parabéns também à Dr.ª Patrícia Costa.