Apeteceu-me escrever… mas isto sou eu a pensar!

Termina mais um “Dia de…”.

Paro para reflectir no longo caminho percorrido, em tão pouco tempo – pouco mais de 50 anos decorreram desde a assinatura da Declaração Universal dos Direitos da Criança.

A escola deixou de ser um privilégio, passou a ser um direito. Um dos Direitos.

Lembro o tempo em que me sentia afortunada por “andar a estudar” depois da 4ªclasse. As crianças desse tempo estavam destinadas às fábricas, às oficinas, às “entregas” das mercearias, a criadas de servir… o que aparecesse, para ajudar a família – porque “trabalho de menino é pouco, mas quem o perde é louco”.

As crianças não tinham direitos, apenas muitos deveres.

Hoje, paro para reflectir – teremos de nos deslocar sempre em movimentos pendulares? – os direitos invalidam os deveres?  Que valores temos? Que valores incutimos nas nossas crianças e jovens? Que sentido de cidadania? O saber anda é um valor? E o ser?

Louvo a iniciativa do Tribunal de Sintra, ao recordar a quem passa uma verdade inquestionável. E, se “para educar uma criança, precisamos de toda a aldeia”, é bom que a “aldeia” não lhe volte as costas – que cada um cumpra o seu papel, com amor firme.

Mas isto sou eu a pensar…

 

Por   Deonilde Almeida

Um comentário para “Apeteceu-me escrever… mas isto sou eu a pensar!”

  1. Numa época só de direitos, obliterou-se completamente a óbvia correspondência ética, filosófica e jurídica entre Direitos e Deveres. Direito a ter todos os desejos por mais hedonistas e egocêntricos que sejam gratificados; e de imediato, já agora! De forma imperativa, já agora também. Os jovens malcriados, agressivos, ociosos, egoístas e consumistas, da nossa sociedade que desprezam o trabalho e os deveres e exigem direitos e mais direitos (incluindo o direito a ser um parasita da sociedade), não nasceram de geração espontânea. Alguém os fez crescer na convicção de que esse modo de ser e de agir lhes seria permitido e que apenas o céu seria o seu limite. Lamentavelmente, milhares de anos de História da Humanidade demonstram-nos exactamente o contrário: a vida é feita de muito esforço e muito trabalho, cumprindo muitos deveres. Os direitos aparecem na justa proporção do cumprimento desses deveres e deviam ser atribuídos apenas a quem lhes dá valor e a quem os merece; direito à escola incluído.

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