Como Se Fez – 1: Luz Solar
Nem todas as fotografias são instantâneos feitos simplesmente como quem aponta e dispara. Embora os instantâneos possam ser planeados e não apenas o resultado fortuito de enquadrar e carregar no botão do obturador, algumas imagens requerem muito trabalho de pré-produção.
O exemplo aqui apresentado é um desses. Trata-se duma imagem captada em película negativa, mas que poderia perfeitamente ter sido criada com uma câmara digital [Para os interessados, está em arquivo neste jornal um breve história da fotografia, até ao invento do calótipo ou talbótipo (que eram a mesma coisa): https://chaodeareia.agml.net/2009/10/no-principio-era-a-luz/ Este artigo já tem uns anos, portanto, está com a grafia antiga e alguns links podem não funcionar].
As lâmpadas de tungsténio estão a ser retiradas do mercado e já dificilmente se encontram. As de vidro azul, conhecidas como “Luz Solar” ou “Daylight” compensam a luz amarelada emitida pelas vulgares lâmpadas incandescentes, aproximando a temperatura de cor da proveniente da luz natural do Sol. Já só se encontram nalgumas lojas chinesas.
As modernas lâmpadas economizadoras existem em vários modelos, emitindo várias temperaturas de cor, é só escolher, mas são opacas e não permitem imagens como esta, que foi feita desta forma:
1 –LUZ SOLAR
Percebe-se que a iluminação é em contraluz, que a lâmpada estava assente numa folha de cartolina preta, que a velocidade de obturação foi de 15 avos de segundo e a abertura a meio ponto entre f.11 e f.16. O difusor era papel vegetal, daquele de arquiteto ou engenheiro. Foi usada uma lanterna de mão para iluminar o casquilho da lâmpada.
Não se percebe neste esquema, que a sala estava na escuridão, pois a luz só provinha dos dois candeeiros por trás do difusor e que, naturalmente, a máquina, cujo obturador foi acionado com um disparador, estava sobre um tripé, para não tremer.
Tudo isto demorou mais de uma hora a montar.
Nota: Para ver num tamanho ligeiramente maior qualquer imagem desta Categoria (Como Se Fez), utilizar o Menu de Contexto (clique direito do rato) e escolher a opção: “Ver imagem” ou “Abrir imagem num novo separador”, colocando em seguida o referido separador à frente. Dependendo do Navegador, pode ser necessário, em vez dos procedimentos indicados, copiar o URL da imagem (nas Propriedades) e colá-lo numa nova Barra de Endereços. No Edge apenas é possível “Guardar imagem como”.
José Maria Silva
Nota do editor: Com este artigo, foi criada uma nova categoria e rubrica, denominada: Como se fez. Pretende-se mostrar o trabalho aturado e complexo de preparação, que frequentemente está por detrás de um produto final aparentemente simples. Assim, convidamos todos os leitores que, nas diversas áreas do saber, tenham uma experiência semelhante e a queiram partilhar, para nos enviarem os materiais. Pela nossa parte, teremos todo o prazer em proceder à sua divulgação.
Classificado em: Como se fez
Ouvi dizer que “difícil é dizer fácil”. Tu consegues faze-lo, Zé. E, com essa simplicidade, aprendemos tanto… Obrigada.
Parabéns ao Chão de Areia, pela nova dinâmica.
até ta bom…
Fantástica explicação!! Aos olhos do Zé Maria tudo fica mais simples….Quero mais
Gostei bastante, mas parece-me bastante difícil… Se não explicasses, eu não percebia nada ou quase nada.
Tenho uma grande admiração para quem capta o efémero instante na objetiva, o impulso da vida…
Obrigada, José Maria.
Como sempre, um excelente trabalho. Um abraço
Excelente iniciativa do Chão de Areia. A parte visível do icebergue é significativamente mais pequena que a parte submersa.
Gostei muito do produto final (fotografia) e a explicação de “como se faz” esclarecedora. Deixou curiosidade para mais…
Cristina Sousa
Quero mais…