Carlos Drummond de Andrade

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“Escritor: não somente uma certa maneira especial de ver as coisas, senão também uma impossibilidade de as ver de qualquer outra maneira.”

Nascido no seio de uma família de fazendeiros, estudou na cidade de Belo Horizonte e mais tarde com os jesuítas no Colégio Anchieta de Nova Friburgo, de onde foi expulso por “insubordinação mental”. De novo em Belo Horizonte, e perante a insistência familiar para que obtivesse um diploma, formou-se em Farmácia em 1925, sem que nunca tenha exercido a profissão.

Começou a carreira de escritor como colaborador do “Diário de Minas”, que reunia os defensores locais do movimento modernista, chegando aí a redator chefe. Fundou, mais tarde, com outros escritores “A Revista” que, tendo uma existência longa, foi um importante meio de afirmação do modernismo em Minas.

Em 1925, casou-se com Dolores Dutra de Morais, com quem teve dois filhos, Carlos Flávio, que morreu logo após o nascimento (e a quem dedicou o poema “O que viveu meia hora”) e Maria Julieta.

Em 1930, ano em que publicou a primeira obra poética, “Alguma poesia”, o seu poema “Sentimental” é declamado na conferência “Poesia Moderníssima do Brasil”, feita no curso de férias da Faculdade de Letras de Coimbra, pelo professor da Cadeira de Estudos Brasileiros, Dr. Manoel de Souza Pinto, no âmbito da política de difusão da literatura brasileira nas Universidades Portuguesas.

Em 1934, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde foi chefe de gabinete do ministro da Educação, até 1945. Passou depois a trabalhar no Serviço do Património Histórico e Artístico Nacional, aposentando-se em 1962.

Funcionário público durante a maior parte da vida, a escrita apaixonava-o. Escreveu poesia, contos, crónicas e livros infantis.

Na sua obra, dominam a crítica e a ironia, a sátira sobre os costumes e a sociedade, mostrando-se áspero, amargo e desencantado, sem que tal o impeça de se empenhar social e politicamente na mudança daquilo que censura.

Várias obras suas foram traduzidas para o espanhol, inglês, francês, italiano, alemão, sueco, e outras línguas, tendo ele traduzido vários autores estrangeiros, entre eles Balzac, Marcel Proust, García Lorca, François Mauriac e Molière

Considerado por muitos o poeta mais influente da literatura brasileira do seu tempo, admirado como escritor e como pessoa, morreu no Rio de Janeiro, no dia 17 de agosto de 1987, poucos dias após a morte da filha com quem mantinha uma relação muito estreita.

 

Consulte aqui a bibliografia.

 

O Constante Diálogo

 

Há tantos diálogos

 

Diálogo com o ser amado

o semelhante

o diferente

o indiferente

o oposto

o adversário

o surdo-mudo

o possesso

o irracional

o vegetal

o mineral

o inominado

 

Diálogo consigo mesmo

com a noite

os astros

os mortos

as ideias

o sonho

o passado

o mais que futuro

 

Escolhe teu diálogo

e

tua melhor palavra

ou

teu melhor silêncio.

Mesmo no silêncio e com o silêncio

dialogamos.

 

in “Discurso da Primavera”

 

Leia aqui outros poemas e citações do autor.

 

MJL

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