Como Se Fez – 22: Olho Fotográfico

OlhoFot

O rolo de 126, tal como muitas outras medidas, deixou de ser fabricado há algum tempo (em 1999 o da Kodak e o da Ferrania em 2007). Este rolo, assim como o de 110, que era menor no formato, vinha numa espécie de cassete, isto é, a película virgem estava enrolada num dos lados de uma caixa de plástico e ia sendo bobinada para o lado oposto, à medida que os fotogramas eram expostos. O mecanismo de avanço do filme tratava disso. Existia um dispositivo de encravamento mecânico que não permitia tirar outra foto sem que a película tivesse avançado, pois, só ao rodar a película era armado o obturador. Isto é assim na maioria das câmaras, só com as mais antigas, normalmente com rolos de formatos maiores, o fotógrafo tinha de se lembrar de avançar a película, pois, se não o fizesse, ficava com imagens sobrepostas, uma vez que o obturador podia ser armado sem ser necessário rodar o filme.

Com o rolo de 126 (e também com o de 110) no fim não era preciso rebobinar, o laboratório tratava de retirar a película, enviando a embalagem de plástico para reciclar. Existem outros rolos que também não se rebobinam, nomeadamente os de médio formato 120 (e 220), que não têm 120 milímetros, embora muitas vezes os vejamos com a designação de 120 mm. Este rolo, que tem uma cobertura de papel ao longo de toda a sua extensão, vem enrolado à volta de um carretel metálico ou de plástico e vai passando para outro no lado oposto, à medida que é exposto. No fim, o carretel vazio fica na câmara à espera do próximo rolo, mas tem de ser mudado para o outro lado. As designações dos rolos tinham, inicialmente, a ver com a ordem pela qual eram criados, começando no 101 ou seja, antes do 120, tinham sido criados 18 formatos diferentes, mas depois este costume perdeu-se e a lógica tornou-se incompreensível, para além de ter havido repetições. Existiram dois 110, um de 1898 e outro de 1972, que eram muito diferentes e o primeiro deixou de se fabricar 48 anos antes de o segundo aparecer, de 126 também existiram dois, com cerca de 15 anos entre o fim do primeiro e o aparecimento do segundo.

A designação correta do popular rolo de 35 mm é 135, embora a película tenha, realmente, entre 34,5 e 35 milímetros de largura. Segue-se um link da Wikipedia, no qual mudei de posição um parágrafo que estava fora do lugar (é o segundo relativo ao rolo de 35mm, -começa com “Originalmente…” -, que estava perto do fim do artigo, entre o Filme negativo e o Reversível, onde não fazia qualquer sentido), espero que ainda se mantenha na localização certa, pois, na Wikipedia qualquer pessoa pode fazer estragos.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Filme_fotogr%C3%A1fico

A câmara que se vê nesta imagem é extremamente simples, tem foco fixo, abertura única e uma só velocidade de disparo. A ocular é uma moldura sem qualquer lente, a caixa é de plástico e a lente da objetiva de fraca qualidade. Não era má a tirar fotos ao Sol, mas era pior que as descartáveis de 35 mm que apareceram posteriormente. Esta só não era descartável porque se podia mudar-lhe o rolo, que constituía uma boa parte da máquina, pois a cassete ficava de fora. A câmara era oferta a quem comprasse três rolos da marca que criou esta promoção. A palavra “Camera” visível na imagem está em inglês, “Câmara” ou Câmera” leva acento circunflexo no primeiro “a”. Ambas as alternativas são válidas em português, embora os brasileiros usem mais a versão com “e”. Esta palavra entrou no vocabulário na idade média e deriva do grego “Kamera”, que significa espaço fechado.

Esta fotografia é uma dupla exposição com máscara central. O diafragma ficou pouco fechado para que não se notassem os contornos das máscaras, fundindo-se assim as duas imagens.

Abaixo estão as máscaras usadas, mais o aro de plástico que serve para as fixar na objetiva.

Mascaras

A concluir segue-se o Link do “Sala 17”: Sensor das Câmaras Digitais.

http://sala17.wordpress.com/2010/02/12/fotografia-componente-teorica-6-sensor-e-imagem-digital/

 

José Maria Silva

 

Um comentário para “Como Se Fez – 22: Olho Fotográfico”

  1. Saudades dessas máquinas de tirar fotografias! Com este artigo é fácil aliar a experiência de utilização à compreensão do mecanismo subjacente.

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