José Viale Moutinho
Estreou-se em 1968 com a novela “Natureza Morta Iluminada”, seguindo-se-lhe “No País das Lágrimas” (1972), “Histórias do Tempo da Outra Senhora” (1974), “Romanceiro da Terra Morta“ (1988) e “Hotel Graben” (1998). Da sua obra poética destacam-se “Retrato de Braços Cruzados“ (1989), “As Portas Entreabertas“ (1991), “Caderno do Entardecer“ (1996) ou “Areias onde os Gregos se Perdem“ (1998).
Na sua já vasta obra, do conto à poesia, passando pelo teatro e pela ficção, não pode deixar de ser referida a quase meia centena de livros para crianças.
Alguns títulos estão traduzidos em russo, búlgaro, castelhano, alemão, italiano, catalão, asturiano e galego, entre outras línguas.
Tem-se dedicado à investigação sobre a vida e a obra de alguns escritores portugueses do século XIX, com destaque para a recuperação de epistolografia e textos inéditos de Camilo Castelo Branco, Trindade Coelho, António Nobre e Joaquim de Araújo, entre outros. Integrou a Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da Morte de Camilo Castelo Branco. Colecionador entusiasta de edições portuguesas e, principalmente, estrangeiras do romancista, publicou, em 2009, a obra “Memórias Fotobiográficas de Camilo Castelo Branco (1825-1890), altura em que anunciou a doação da sua coleção pessoal à Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão e à Casa de Camilo, em S. Miguel de Seide (entre os títulos doados encontram-se duas dezenas de edições estrangeiras de Amor de Perdição).
A ele se devem as coletâneas “O Nosso Amargo Cancioneiro” (1972), “Memória do Canto Livre em Portugal” (1975) e “Cancioneiro de Abril” (1999), onde se reúne o essencial do movimento cantigueiro português desde José Afonso.
Tem igualmente feito investigação sobre a Guerra Civil de Espanha (1936-1939) e adeportaçãode antigos combatentes da II República Espanhola em Mauthausen e Dachau.
Participou no movimento português da Poesia Experimental e em exposições de Arte Postal.
Foi diretor da Associação Portuguesa de Escritores, da Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia, do Círculo de Cultura Teatral e presidente da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto.
É sócio do Pen Clube Português, da Academia de Letras de Campos de Jordão (Brasil) e membro honorário da Real Academia Galega.
Enquanto jornalista, colaborou em diversas publicações, com destaque para: República (Lisboa), O Diário (Lisboa), Schema/Rivista di Poesia (Milão), Hífen/Cadernos de Poesia (Porto), Feria (Albacete), Nagyvilág (Budapeste), Extramundis/Papeles de Iria Flavia (Iria Flavia), Il Piccolo (Trieste), Península (Barcelona), Persona/Centro de Estudos Pessoanos (Porto), O Escritor (Lisboa), Barcellos Revista (Barcelos), Boletim da Casa de Camilo (VN de Famalicão), Colóquio/Letras (Lisboa), Rurália (Arouca), Prelo (Lisboa), Dimensão/Revista de Poesia (Uberaba), Malvís (Madrid), Sempre (Porto).
A sua obra foi distinguida com vários prémios literários e de jornalismo:
– Grande Prémio do Conde Camilo Castelo Branco/Associação Portuguesa de Escritores;
– Prémio Literário Orlando Gonçalves – Prémio de Conto Edmundo Bettencourt;
– Prémio de Poesia Edmundo de Bettencourt;
– Prémio de Reportagem Norberto Lopes Prémio Kopke de Jornalismo;
– Pedrón de Honra, da Fundacion Pedron de Our;
– Dois Prémios de Reportagem Diário de Notícias;
– Prémio de Reportagem El Adelant;
– Menção Honrosa do Prémio Grémio Literário.
Consulte aqui a bibliografia.
Passagem
ansiado
o fogo de dezembro
coroava de assombros os
corpos bordados por urtigas
as pernas grossas de ladeiras
os olhos da mesma paisagem
(o fogo, artifício
intermitência do existir)
ano findo, meia noite
em ponto, os apitos dos vapores
invadiam terraços e janelas
nos parapeitos, iluminados
estremeciam-se
corpos e ilha
o mar, vagas ocultas
acendia-se
em esplendor
em fogo, os olhos
virgens de incêndios
armazenavam centelhas
(reserva e antídoto à monotonia
do novo e igual calendário)
alvoroço
para o poema vindouro
MJLeite
Classificado em: Escritores e Poemas