Estádio de Zenica

Em pela Guerra Fria os eventos desportivos eram aproveitados pelos diferentes Estados como uma demonstração de poderio económico, estava também em causa o modelo de desenvolvimento social. Dirimia-se entre o socialismo e o capitalismo. Há vinte anos com a queda do muro de Berlin, ruiu um dos últimos símbolos do modelo socialista, para mim, definitivo, pela debandada total das pessoas. Uma das principais consequências do colapso do comunismo, foi mergulhar a Jugoslávia numa onda de nacionalismo extremo. Em 1992, a Bósnia e Herzegovina debateu-se com a pior das guerras, a civil. Sangrenta e devastadora. Em 1995 e ao abrigo do Acordo de Dayton e com a protecção das forças da Organização das Nações Unidas, foi criada a República da Bósnia Herzegovina, cuja capital é Sarajevo. É perante uma nação ardentemente à espera de um momento de libertação, que o play-off de apuramento para o Mundial da África de Sul se disputa. Quarta-feira, em Zenica, estará em causa, muito mais que um simples jogo, procura-se um momento simbólico de união, de um povo profundamente dividido. A missão que Portugal enfrenta é deveras difícil, e como se constata, o sucesso só será possível apelando ao valor estóico que simboliza muito da nossa identidade. A Batalha de Aljubarrota. Acreditar apenas no valor, indiscutível, dos nossos jogadores pode ser escasso perante a fé e crença de um povo. Para ganhar, temos de ter todo o Portugal em campo.

Por  Nuno Cabanas

Classificado em: Apeteceu-me escrever..., Biblioteca Escolar