Vale a pena conhecer… Ana de Castro Osório
Escritora, jornalista, ensaísta, conferencista, feminista e activista republicana, nasceu em Mangualde, a 18 de Junho 1872. Em Setúbal, para onde foi residir, casou com o poeta Paulino de Oliveira, tribuno republicano.
Viveu no Brasil, em São Paulo, onde o seu marido foi Cônsul de Portugal. Lá continuou a sua actividade de escritora e professora, tendo alguns dos seus livros sido utilizados como manuais escolares.
Foi a fundadora da literatura infantil em Portugal, com a publicação de “Para as Crianças”, uma colecção que iniciou em 1897. Traduziu contos dos irmãos Grimm, de Hans Christian Andersen e outros escritores estrangeiros e escreveu também algumas peças de teatro infantil.
Lutou pelos ideais republicanos e pela defesa dos direitos das mulheres e defendeu a igualdade de salários, como um acto de justiça – “trabalho igual, salário igual”. Nesse espírito, dirigiu várias publicações destinadas às mulheres, publicou diversos livros em que falava dos problemas das mulheres da sua época e colaborou em inúmeros artigos, defendendo a educação e a formação de uma opinião pública feminista esclarecida.
Na sua obra “Às Mulheres Portuguesas”, em que analisa o casamento, a situação da mulher e da mulher casada, no código civil e no trabalho, incentiva as mulheres ao “trabalho e ao estudo”, que considera “passo definitivo para a libertação feminina”, apelando para que as mulheres não façam do amor “o ideal único da existência”. Ser feminista, diz, é “desejá-las criaturas de inteligência e de razão”.
Foi fundadora da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, do Grupo de Estudos Feministas e da Cruzada das Mulheres Portuguesas.
São algumas das suas obras:
Para as Crianças, 1897 – 1935
Alma Infantil, 1923
As Boas Crianças, 1923
Os Animais, 1923
A Minha Pátria,1906
A Boa Mãe, 1908
Uma Lição de História, 1909, 2ª ed. 1911
Lendo e Aprendendo, 1913, 2ª e 3ª ed. em 1922
De como Portugal foi chamado à Guerra, 1918, 2ª ed. 1919
A Mulher no Casamento e no Divórcio
Viagens Aventurosas de Felício e Felizarda, 1923
Mundo Novo, 1927
A Grande Aliança, 1924
Infelizes, 1898
A Comédia de Lili, 1903 (teatro infantil)
As Mulheres Portuguesas, 1905
Bem Prega Frei Tomás, 1905
A Minha Pátria, 1906
Festas Infantis, 1906
Quatro Novelas, 1908
Instrução e Educação, 1909
Contos Maravilhosos da Tradição Popular, 1916
Em tempo de Guerra, 1918
Dias de Festa 1921
Viagens Aventurosas de Felício e Felizarda, 1923
A verdadeira Mãe, 1925
O Direito da Mãe, 1925
Mundo Novo, 1927
A Capela de Rosas, 1931
O Príncipe das Maças de Oiro, 1935
Novas Histórias Maravilhosas, 1943
Ana de Castro Osório faleceu em Setúbal, a 23 de Março de 1935, tinha 53 anos.
Classificado em: Biblioteca Escolar, Histórias de vida, Vale a pena...
Uma grande conterrânea mangualdense…
Confesso que não conhecia Ana de Castro Osório. Mas quem disse, em 1905, que o futuro das mulheres passa pelo “trabalho e o estudo” não podia ter uma capacidade premonitória melhor e tão actual, só ao alcance dos homens e mulheres de grande estatura cultural e intelectual.