Como Se Fez – 17: Fruta Fogosa

FrutaDeFogo

Comecemos por lembrar o Dia Mundial da Fotografia, celebrado a 19 de agosto, data em que, no ano de 1839, o governo francês considerou o Daguerreótipo um presente “grátis para o mundo”, cuja patente comprara a Louis Daguerre por 6000 francos. Quem tiver curiosidade acerca deste assunto, pode consultar a página 5 do PDF anexo ao primeiro artigo desta série, publicado em outubro de 2013.

Há cerca de um ano teve início esta rubrica. Para quem perdeu alguns dos 16 artigos anteriores e tenha curiosidade em vê-los, seguem-se orientações que indicam o “caminho”: Imediatamente abaixo do cabeçalho, junto às letras “eia” do nome deste jornal, está uma caixa de pesquisa, onde se poderá escrever “como se fez” (sem as aspas) e depois clicar no botão à direita, onde está escrito: Procurar no Chão de Areia. Deve aparecer a primeira página que tem o início dos artigos desta rubrica.

A imagem aqui apresentada é um Fisiograma, palavra que aparece em pouquíssimos dicionários e que significa “Pintura com Luz”. Não está no Dicionário da Academia, nem no Houaiss, que é o mais completo, encontra-se apenas em alguns dicionários de fotografia. Perante esta lacuna resolvi propor a sua inclusão aos lexicógrafos que tratam do Dicionário “OnLine” da Porto Editora, que, passados uns dias, a acrescentaram com o texto que sugeri praticamente inalterado, segue-se o link:

http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/fisiograma

 Escreve-se da mesma maneira em espanhol e em português do Brasil. Em inglês é “Physiogram” (Light Painting). É formada por dois radicais gregos: Fisio (Physis), que diz respeito à natureza física e Grama, que significa escrita ou registo. Não confundir com Fisiografia, que é matéria da Geografia Física.

Os primeiros ensaios desta técnica experimental datam de 1889.

http://lightpaintingphotography.com/light-painting-history/

O Fisiograma não é apenas, como qualquer outra fotografia, um registo com luz, no Fisiograma tem de ficar visível o rasto da luz, portanto é necessária uma exposição mais longa que a dos instantâneos. Tanto faz ser a fonte luminosa a mover-se, como a câmara, mas é necessário ter o obturador aberto enquanto durar a captação pretendida. Preferencialmente, a iluminação deverá ser só a da luz cujo registo se pretende captar. A sensibilidade deve ser a mínima possível (ISO 100, por exemplo), pois, se for maior, a imagem fica queimada, uma vez que o sensor ou a película, capta luz que não vemos. Embora os resultados sejam sempre imprevisíveis, se tudo estiver bem planeado, podemos ter uma ideia prévia do efeito final.

Quando é a luz que se move, a câmara deverá estar assente numa superfície estável. Quando se desloca a máquina, a trajetória (circular, sinusoidal, retilínea ou outra) deverá ser ensaiada previamente para garantir a captação de tudo o que se pretende no enquadramento.

A velocidade de obturação deverá ser preferencialmente regulada para “B” [Bulb, que significa bolbo ou ampola (de lâmpada incandescente), que era a forma da pera de borracha utilizada nos antigos disparadores pneumáticos, que, enquanto estivesse apertada na mão do fotógrafo, mantinha o obturador aberto], mas qualquer exposição entre 4 e 30 segundos é suficiente. Nas câmaras compactas, convém selecionar a opção de “fotografia noturna”, que mantém o obturador aberto durante algum tempo.

A abertura ideal, se for regulável, está entre f.8 e f.11, para garantir que fica nítido o que se pretende focar. Se a máquina o permitir, deve fazer-se a focagem manual.

O exemplo aqui apresentado é um Fisiograma com máscara. A maçã desta imagem foi recortada numa folha de cartolina preta, que a seguir coloquei, na vertical, à frente da câmara. Preenchi o espaço atrás da abertura com um isqueiro aceso, tentando cobrir toda a área com movimentos para baixo e para cima. O contorno ficou definido pela máscara. A pose foi de 8 segundos e a abertura f.11. Naturalmente, a única luz existente era a do isqueiro.

Seguem-se dois links, um brasileiro, do “Manual do Mundo”, que é um precioso achado, a consultar sempre que haja disponibilidade, este ensina a fazer Fisiogramas.

http://www.youtube.com/watch?v=WcobSSmy8eQ

…E o segundo, português, do Blogue “Sala17” (cuja exploração aconselhamos vivamente), divulga trabalhos de alunos da Escola Secundária de Santa Maria.

Ainda com a ortografia antiga, este artigo é o primeiro de uma série de sete, com a qual iremos difundir os fundamentos da fotografia, complementando assim esta rubrica.

http://sala17.wordpress.com/2010/02/10/fotografia-componente-teorica-1-historia-da-fotografia/

A concluir, estão dois Fisiogramas simples feitos com uma lanterna, na qual coloquei filtros coloridos.

Fisiogramas

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Agradecimentos:

Teresa Figueiredo, pela investigação dos radicais gregos.

Infopédia, pela inclusão da palavra no dicionário.

António Marques, pela autorização para publicação regular de links da “Sala 17”.

 

José Maria Silva

4 comentários para “Como Se Fez – 17: Fruta Fogosa”

  1. Agradeço os comentários tão elogiosos.
    Esclareço que a máquina que fez isto é digital.

  2. Excelente artigo! A fotografia pode, de facto, dar-nos muito mais do que a captação do momento – pode ser criação artística.
    Suponho que não seja praticável com máquinas digitais…

  3. … E nasceu mais uma palavra! Parabéns ao pai!
    Bom trabalho, Zé Maria!

    Luísa

  4. Este artigo é uma ação de formação online, é o que é. Claro, explícito e interessante.

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