Entrevista a Paulo Parracho
Às 16h27, chegam ao meu email as esperadas respostas a esta entrevista. Bastante experiente, Paulo Parracho, fundou o seu primeiro jornal aos 11 anos e mais tarde participou ativamente, na elaboração de um jornal, de que era presidente, na Escola Secundária de Santa Maria. Fez a sua formação em Jornalismo, trabalhando ao mesmo tempo na rádio e em jornais regionais. Um importante testemunho sobre as limitações impostas aos meios de comunicação social.
Considera que a crescente integração dos media na sociedade é um benefício?
Os media são parte fundamental da vida em sociedade. Hoje, ninguém, independentemente do seu estrato social, económico ou profissional, consegue passar sem uma ligação ao mundo da comunicação. Seja pelas formas tradicionais e instituídas há décadas, seja pelo recurso às novas tecnologias.
Até que ponto ser jornalista em Portugal é um trabalho compensador?
“Do ponto de vista financeiro, ser jornalista em Portugal é cada vez menos compensador….A profissão está desregulamentada. As condições de trabalho deterioram-se cada vez mais por duas
razões: porque as empresas de comunicação social estão em crise, motivada por quebras nas receitas publicitárias, reduzindo ao máximo os custos de produção; mas também porque todos os anos há ‘fornadas’ de candidatos a jornalistas dispostos a trabalhar nas redações a qualquer preço (…).
Sente que ainda existe “censura”?
Sim, existe censura! Não aquela censura assumida e oficial que tínhamos antes do 25 de Abril de 1974, mas uma censura motivada por diversos interesses económicos, empresariais, políticos ou de outro tipo.(…)
Alguma vez sentiu que existem limites na escrita concebidos pelos “jogos de poder”?
Por vezes (muitas vezes), os jornalistas sofrem pressões dos mais variados setores para publicar algo, para entrevistar alguém, ou também para evitar a publicação de certas matérias mais incómodas. A experiência dos jornalistas é fundamental para não aceitar qualquer tipo de pressão e para assegurar a independência e a deontologia que regem a profissão.
E em termos físicos, sente necessidade da contenção da escrita?
Sim. Esse drama afeta todos os jornalistas. Queremos sempre escrever algo mais, acrescentar mais um dado ou mais um pormenor e o espaço de um jornal ou de um bloco noticioso (na rádio ou tv) não chegam para tudo. Por outro lado, há que ter em conta que o espaço dado a determinada notícia tem de estar relacionado com o seu grau de importância e com o impacto que a mesma deve proporcionar junto do leitor.
Já trabalhou na rádio. Concorda que é o meio de comunicação social que mais público atinge?
Sim! A rádio é o meio de comunicação mais democrático que conheço. Chega a todo o lado e de forma gratuita. Repare que o mesmo canal de rádio pode ser sintonizado em simultâneo por um grande empresário que viaja no seu carro de luxo ou por um sem-abrigo que vive debaixo da ponte e por companhia tem apenas um rádio de pilhas…
O que o leva a dizer que o século XXI se caracteriza pela transformação na área do”pensamento livre”?
Essa ideia está relacionada com o fenómeno das novas tecnologias, das redes sociais, dos fóruns de discussão em direto nas rádios e nas televisões, onde qualquer cidadão pode expressar a sua opinião de forma livre e espontânea.
Porque acha que existe necessidade de “(…) levar a leitura e a informação a quem a deixou de comprar”?
Cada vez menos as pessoas compram jornais. Talvez devido à crise, mas também pela oferta gratuita de informação disponibilizada pela internet. Por isso, os jornais gratuitos, como o Jornal da Região, que dirijo, têm um papel muito importante nesse capítulo.
Considera que a informação forma o indivíduo ou a sociedade forma a informação?
As duas citações estão corretas. A informação, em especial a que é transmitida pela televisão,
consegue influenciar e moldar decisivamente a opinião da maioria dos cidadãos. Por outro lado, os meios também sabem o que o público gosta de ler, ver e ouvir e adequam a sua produção noticiosa em função das audiências…
Agradecemos ao Jornal da Região e concretamente ao senhor Paulo Parracho por nos ter concedido esta entrevista.
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Para a ceder à entrevista em pdf, clique aqui.
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Valeriya Semenikhina (10º J – D. Fernando II)
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