Voluntariado na Casa de Saúde do Telhal

Quando chegámos ao Telhal estávamos nervosos e com medo daqueles dois dias que ali íamos passar. Uns mais, outros menos, todos tínhamos o estereótipo do maluco com comportamentos agressivos, pelo que as expetativas não eram promissoras. E o primeiro embate foi mesmo assustador.

Mas progressivamente o nervosismo deu lugar à serenidade, os medos transformaram-se em confiança e as expetativas iniciais converteram-se numa união que não podíamos prever.

É difícil descrever as experiências. Por mais que expliquemos, só quem viveu o mesmo poderá compreender o que experienciámos nestes dois dias de voluntariado. Mas vamos tentar dizer como foi.

Fomos extraordinariamente bem recebidos e preparados para a missão que íamos desempenhar. Fizeram-nos uma visita guiada às instalações, informaram-nos dos cuidados a ter, ensinaram-nos os princípios básicos do voluntariado, explicaram-nos minimamente as demências e fizeram-nos compreender que as pessoas doentes não deixam de ser pessoas.

Depois, de acordo com as preferências que manifestámos, fomos dois a dois para diferentes unidades e aí seguimos ajudando no que podíamos. Pusemos mesas, lavámos pratos, demos comida à boca, empurrámos cadeiras de rodas, levámos doentes à missa, fizemos jogos, … e estabelecemos relações. Conversámos com pessoas que contavam logo a sua vida toda, interagimos com pessoas que não conseguiam falar mas que nos pegavam na mão e faziam festinhas, comunicámos com pessoas de pouca cabeça mas de enorme coração. Não imaginávamos que alguns doentes pudessem ser tão divertidos, como não imaginávamos a forma como se entreajudam, o carinho que nutrem uns pelos outros e a maneira como vivem em verdadeira família. Surpreendeu-nos e fascinou-nos particularmente a pureza, a transparência e a honestidade daquelas pessoas autênticas.

Surpreendeu-nos e fascinou-nos também a incrível dedicação dos enfermeiros e dos auxiliares, sempre atentos e bem-dispostos apesar da dureza e da excessiva quantidade de trabalho.

Foram dois gigantíssimos dias em que chorámos e enxugámos lágrimas, demos gargalhadas e engolimos sapos, trocámos abraços, experimentámos a alegria de servir, sentimo-nos úteis e amados.

São, certamente, dias para continuar e alargar a mais voluntários.

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Alunos de Educação Moral e Religiosa Católica da Escola Secundária de Santa Maria – Sintra

(André Gonçalves, Andreia Feijão, Beatriz Corredoura, Lídia Matias, Maria Calado, Marta Serrano, Sara Nascimento e professoras Ana Oliveira e Margarida Portugal)

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